top of page

Seamless learning, uma tendência


Você já ouviu falar no conceito “seamless learning“? Sua tradução (abrasileirada) seria algo como aprendizagem ‘sem costura’, mas seu sentido educacional está mais voltado para o aprendizado contínuo, sem interrupção.


Seamless Learning : Aprendizagem sem costura
Seamless Learning : Aprendizagem sem costura

Ainda são poucas referências sobre esse conceito, mas os autores que defendem o seamless learning acreditam na educação em várias dimensões (formais e informais), trabalhando em conjunto nos diversos contextos de aprendizagem (individual, coletivo, social, etc), tanto no meio físico (sala de aula formal), como no meio digital (websites, portais, mídias sociais, e-learning).


Se você é educador, já deve ter planejado uma aula onde os alunos teriam uma experiência em sala de aula (ambiente físico) e depois continuariam aprendendo, ou fariam alguma atividade após a aula no meio digital (EAD). O que os autores defendem é que devemos tirar proveito das ferramentas tecnológicas existentes para disponibilizar a aprendizagem de maneira contínua, sem interrupção e sem distância.


Quando usamos o termo “ensino à distância”, criamos uma sensação de distância entre o aprendiz e o aprendizado. Pense nisso!


Não precisamos pensar de forma fragmentada/particionada, e sim em experiências de aprendizagem completa. Não se deve pensar o que vai ser oferecido em sala de aula e o que vai ser disponibilizado no ambiente virtual, afinal, estamos em 2017 e o ensino híbrido está cada vez mais em destaque. Mesmo em sala, você pode estar conectado, utilizando recursos tecnológicos para ensinar seus alunos.


Já falamos aqui de métodos como flipped classroom (sala de aula invertida), que utiliza tanto o ambiente online, como o offline para o aprendizado. Já existem treinamentos onde instrutores, além de utilizar os MOOc´s (Massive Open Online Course), fazem uso das redes sociais, de fóruns, gamificação, simuladores, dentre outras ferramentas. Isso é inovar na educação… mas não é muito novo, então não fique para trás.


Malcolm Knowles, o pai da Andragogia, sempre defendeu o uso destes recursos para a aprendizagem continuada, assim como a flexibilidade de ensino, pois o aluno adulto é capaz de escolher as melhores ferramentas, o local e horário para se dedicar ao aprendizado, e o mais importante: com quem quer aprender. Nessa mesma linha de raciocínio, Wong (educador e pesquisador de Cingapura) defende a ‘aprendizagem móvel‘, que acontece ao longo do tempo, em todos os locais e abrange vários ambientes.


Não faz sentido que o aluno saia da porta da sala de aula e entenda que a partir dali ele não precisa mais aprender. Da mesma forma, que ao entrar nessa mesma porta, ele ligue um botão com o propósito de abrir a cabeça e estar disponível a novos conhecimentos. Realmente, não faz sentido! O aprendizado não deve acontecer apenas quando ele se conecta no Portal do Aluno, ou quando ele senta em uma cadeira universitária.


A ideia de “seamless learning” é mostrar que o aprendizado acontece de diversas formas e que o aluno X não aprende como o aluno Y, nem no mesmo ritmo ou usando o mesmo recurso didático. O bom educador, deve conhecer as ferramentas e orientar seus aprendizes para que façam proveito destas, sempre que sentirem a necessidade. A questão da ‘costura’ é justamente para que não tenhamos em sala de aula 1 hora de dinâmica ‘costurada’ com 2 horas de teorias e ‘costurada’ com mais 4 horas de treinamento à distância. Deixar sem costura, é ter um pacote único, o do aprendizado contínuo.


A aprendizagem informal é muito defendida pelos autores, pois é aquela que não acontece necessariamente em sala de aula, nem muito menos no formato ‘top-down’, mas possui muito valor para a formação de um aprendiz. Ela acontece durante uma conversa no corredor da empresa, observando um outro profissional, em pequenos contos e fatos contados em sala de aula, lendo um portal de notícias, ou até mesmo na convivência com colegas, familiares e outros similares.


Permitir uma aprendizagem sem interrupção, que aconteça em qualquer momento, é incentivar indiretamente a aprendizagem colaborativa, onde grupos aprendem entre eles, utilizam as experiências e fazem intercâmbio de conhecimento, sem necessariamente ocuparem o papel de educador e aprendiz. Trabalhe com a aprendizagem entre pares, não defina horários de início ou fim e crie um ambiente pessoal/profissional de aprendizado.


Não ‘costurar’ o ensino também é permitir que o aprendiz utilize as tecnologias que estão disponíveis, que ele possa aprender com o educador em sala de aula, com seus ótimos exemplos e conteúdos, mas também usar a realidade aumentada para conseguir visualizar uma determinada situação que lhe faça mais sentido. Que em sala de aula, ele possa assistir um vídeo de 2 minutos, que resumem 30 cansativos minutos de teoria. E que em casa, ele possa ler novamente algum texto que o educador tenha compartilhado, seja no tablet, notebook, celular, etc.


Vamos defender mais o contexto da aprendizagem, sua importância, e não ficar impondo regras, tempos, formas e locais para se aprender. Se você é um educador que impede seu aluno de usar o celular, reveja seus conceitos. Sempre digo que se alguém não está prestando atenção em sua aula, é porque aquilo que ele está fazendo, com toda certeza está mais interessante do que sua didática. Se ele quer estar online, leve o aprendizado para lá. Se conecte ao ambiente dele, é simples!


Espero ter despertado uma curiosidade em você sobre o tema, então se gostou deste artigo, compartilhe em suas redes sociais.


Dica de livro: Seamless Learning in the Age of Mobile Connectivity (WONG, Lung-Hsiang; MILRAD, Marcelo; SPECHT, Marcus)

 

Beck, C. (2017). Seamless learning, uma tendência. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/seamless-learning/

bottom of page