Atualmente nos referimos à sala de aula como um local, geralmente numa instituição de ensino, onde os alunos aprendem lições ensinadas pelo professor.
Essa é a definição que está na Wikipedia, mas podemos enxergar a sala de aula como um local onde se manifesta, em plenitude, a educação como fenômeno social. Isso nos faz pensar que a sala de aula não está constituída só por estudantes, docentes e saberes, mas também por ações/relações que se estabelecem neste tema.
Consideramos a sala de aula como um modelo de ambiente educativo que está determinado não só pelo meio físico e o didático, mas sim pelas interações que se produzem nesse meio. Devemos levar em conta a organização e a disposição espacial (já falamos sobre isso em outro artigo), assim como as reações estabelecidas entre os elementos de sua estrutura.
O educador deve conhecer os tipos de relações e interações que se produzem entre os aprendizes, as funções que se estabelecem, as atividades que se realizam, levar em conta suas características físicas, mas também entendê-la como grupo. Entenda o clima emocional, a existência ou não de grupos definidos, as experiências que podem ser compartilhadas, as motivações coletivas, os valores e afetos, as atitudes e estímulos, assim como os recursos e meios disponíveis. Todos esses fatores formam a sala de aula.
É da sala de aula que o educador pode começar a reconhecer ou construir outros espaços mais amplos para sua tarefa (ex.: espaço da pesquisa, atividades em grupos, apresentações ou troca de saberes). Muitos autores consideram a sala de aula como um microssistema em que tem lugar uma variedade de acontecimentos estreitamente relacionados. Esses acontecimentos estão centrados em dois elementos fundamentais e complementares: o ensino e a aprendizagem.
Esse microssistema pode ser visto pelo educador como um ambiente/cenário de encontro, onde se estabelece a tarefa educacional. De fato, em múltiplas pesquisas, destaca-se que é ali que as pessoas enfrentam planos e programas de estudo, intervêm e constroem diversas relações socioeducativas, encontram-se com diferentes agentes e com o imaginário.
Em 2015, a Universidade de Harvard organizou um evento para debater a importância e o impacto de uma boa organização da sala de aula. Durante uma semana, cerca de 200 participantes percorreram diversos ambientes projetados, para conhecer possíveis realidades de espaços físicos de aprendizagem. Os envolvidos chegaram a conclusão, através da observação e dos estudos, de que realmente a disposição da sala de aula faz muita diferença no desempenho dos alunos. Se quer acompanhar os resultados deste encontro, deixo aqui o link.
Por fim, a sala de aula é um espaço que, dentre tantas funções, deve aproveitar-se como de relação e de reflexão do educador, que amplia seu olhar para fazê-lo cada vez de forma mais reflexiva. É naquele cenário que se formam os sistemas didáticos, com toda sua complexidade, e onde é possível refletir a respeito dos melhores métodos de ensino.
Um funcionário dedicado considera sua empresa como sua segunda casa. Um torcedor fanático considera o estádio de futebol como sua segunda casa. Um atleta de fisiculturismo considera a academia como sua segunda casa.
E o educador? Valorize a sala de aula.
Para referenciar o artigo, utilizar:
Beck, C. (2017). Sala de Aula: uma nova percepção. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/sala-de-aula/