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Foto do escritorCaio Beck

Eugen Rosenstock: educador alemão

Eugen Rosenstock-Huessy, nascido Eugen Rosenstock (Berlin, 6 de julho de 1888 – Norwich, Vermont, 24 de fevereiro de 1973), foi um pensador, historiador, jurista, filólogo e linguista alemão. O alemão doutorou-se em Direito pela Universidade de Heidelberg, Alemanha, em 1909, aos 21 anos. Em 1923, obteve um segundo doutorado pela mesma instituição de ensino, em Filosofia, mas foi a educação que viria a lhe chamar a atenção alguns anos depois.


Originário de uma família judaica não-praticante, o jovem Eugen converteu-se ao Cristianismo aos dezesseis anos e se tornou, posteriormente, um dos principais pensadores religiosos do século XX. Sua obra está erigida sobre o caráter sacramental da linguagem, estabelecendo os princípios de seu método gramatical, abrangendo a totalidade das ciências humanas. Na Andragogia, teve um papel fundamental: foi o pioneiro na aplicação dos conceitos andragógicos. Quase 100 anos após Kapp abordar o termo Andragogia, Eugen Rosenstock se tornou referência para muitos educadores de adultos, principalmente na época de guerra mundial. Quando se treinava qualquer profissional nessa época, se levavam muitos conceitos abordados pelo alemão.


Fez parte do ‘Hohenrodter Bund‘, grupo de estudiosos alemães que trabalhavam em favor da educação nacional, desenvolvendo teorias e conceitos práticos sobre a educação de adultos. De lá surgiu A Escola Alemã de Pesquisa Pública e Educação de Adultos (Deutsche Schule für Volksforschung und Erwachsenenbildung), que foi onde se aplicou pela primeira vez cursos voltados para a formação profissional com base nos conceitos andragógicos. Para participar das reuniões da “Escola Alemã” era preciso receber um convite e as sessões eram anuais.


A Escola Alemã de Pesquisa Pública e Educação de Adultos
A Escola Alemã de Pesquisa Pública e Educação de Adultos

Acreditava que os alunos adultos e os trabalhadores aprendiam a partir da experiência de trabalho (conceitos não formados) e que a tarefa do professor era envolver essas experiências externas dentro do processo educativo. Acreditava que os alunos deveriam ser tratados de maneira igual pelos professores, ao invés de uma “hierarquia”.


É autor de mais de 500 ensaios, artigos e monografias, dentre os quais cerca de 40 livros, nas mais diversas áreas do saber. Em destaque faço referência ao artigo Andragogik (28 páginas), de 1924, um marco na história da Andragogia e de difícil acesso nos dias de hoje. Outra obra incrível é o trabalho Angewandte Seelenkunde ou Conhecimento Prático da Alma (1924), no qual esboçou, pela primeira vez, um método radicalmente novo para as ciências sociais, baseado na linguagem, na palavra falada e na abordagem gramatical. Esse método mostrou-se presente nas suas principais obras subsequentes.



Deixo aqui outras obras de Rosenstock que tratam a educação de adultos: Die krise der universität (1919); Das dreigestirn der bildung (1921); Arbeiterbildung (1924); Schulreform und hochschule (1924); Universität und technische hochschule (1927); Was geht die Industrie die erwachsenenbildung an? (1928); Die Arbeitslager innerhalb der Erwachsenenbildung (1930); The Social Function of Adult Education (1930); Die Umkehr in der Ausbildung (1931).


Costumo citar uma definição sensacional que o educador alemão dá para distinguir o aprendizado de uma criança e de um adulto:


“A diferença não pode estar no material estudado, é propriamente uma diferença que a própria vida deixa clara. Entre a criança e o homem está a parede divisória da chamada ‘entrada na vida’, ou seja, o ponto em que o homem se torna um ser histórico quando entra no círculo dos acontecimentos.”

De acordo com Eugen Rosenstock, uma criança é alguém que ainda permanece sem destino, como um ‘bebê dormindo’. A entrada na história é, ao mesmo tempo, uma entrada na cadeia da culpa e do emaranhamento, da miséria e do sofrimento. Essas coisas estão muito distantes da criança. E nenhuma escola pode trazê-los para a criança prematuramente. A criança ainda vive sob a asa da Mãe Natureza e seu poder de cura. ‘Em uma escola para crianças, assumimos a boa natureza da criança, contamos com os desdobramentos de suas boas inclinações sem suspeita, e sem medo, damos uma chance à criança e deixamos-o para suas alegrias’.


O educador alemão afirma que a educação de adultos, por outro lado, pode ser um remédio curativo após a primeira derrota de um homem. É uma superação de si mesmo, vai contra a natureza. As escolas para adultos devem construir no cemitério dos sonhos e das flores secas. O espírito vem como consolador, quando o caminho direto, natural e instintivo falhou.


Eugen Rosenstock sempre foi ‘polêmico’ e é autor de uma frase clássica entre os andragogos: “Entre a pedagogia e a demagogia, surge a andragogia”. Para Rosenstock a universidade, muitas vezes é apenas um playground, que abriga um discurso demagogo e irresponsável, onde os aprendizes adultos não estão envolvidos de fato.

No Brasil é possível encontrar A Origem da Linguagem, livro lançado em 2002 pela Biblioteca de Filosofia da Editora Record.


Para saber mais sobre Eugen Rosenstock, sugerimos que acesse nosso curso Andragogia – Educação de Adultos. Temos uma aula inteira sobre o autor, contando sobre sua história, os principais feitos, as teorias e práticas andragógicas e compartilhamos também qual foi a influência deste autor no trajeto de Lindeman e Knowles, educadores americanos.


 

Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2015). Eugen Rosenstock: educador alemão. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/eugen-rosenstock/

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