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Foto do escritorCaio Beck

Educador ou executor de aulas: qual você é?

Para começar o artigo, gostaria de deixar claro quem é o executor de aulas. Popularmente falando é ‘aquele que dá aula’, o responsável por repassar os conteúdos disciplinares em sala de aula, devido a sua capacidade de ensinar. É aquele professor tradicional que vê o aluno como indivíduo que apenas escuta, enquanto ele, que ‘sabe tudo’, fala. Sendo assim, educador ou executor de aulas, qual você é?


Você quer ser um educador ou um executor de aulas?
Educador ou executor de aulas?

Essa postura tradicional do professor é ultrapassada. As instituições de ensino consideram cada vez mais desinteressante saber que seus professores entram em sala de aula para ‘falar’ e repassar aos alunos o conteúdo que ‘deve’ ser ensinado. Não podemos esperar que o aluno adulto apenas escute e tente aprender. Para esse perfil de professor, o aluno é passivo, não possui vontade própria e não tem poder de atitude no contexto da sala de aula. Esse é um pensamento totalmente errado para os dias de hoje.


“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” (Freire, 1996).

Um educador em sala de aula não se preocupa com o ‘ensinar’ e sim, em fazer com que o aluno aprenda a aprender. Ele cria condições para que o ensino e a aprendizagem aconteçam no contexto da sala e fornece meios para que o aluno por si ‘aprenda’ o que julgar necessário para a sua realidade. Devemos saber também que o aluno não precisa apenas de informações e conhecimentos sobre os conteúdos disciplinares, e sim, desenvolver sua própria capacidade de aprender e resolver problemas.


Podemos abordar o assunto ‘estatística’ em sala de aula, mas que será compreendido de forma diferente por quem é um matemático e por aquele que é advogado, médico ou agricultor. As informações e os conhecimentos ‘transmitidos’ pelo executor de aulas podem servir para um, mas não para outro. A mesma coisa funciona com qualquer outra disciplina ou conteúdo, quando a figura educadora que está em frente da turma considera que todos os indivíduos aprendizes são iguais.


Você já ouviu falar de John Dewey? O filósofo e pedagogo americano considera que o educador deve apresentar conteúdos na forma de questões ou problemas e jamais dar de antemão as respostas ou soluções prontas. Em lugar de começar com definições ou conceitos já elaborados, o educador deve fazer o aluno raciocinar e elaborar seus próprios conceitos para depois confrontar com o conhecimento ‘sistematizado’.


Esse pensamento de Dewey não é recente e mesmo assim não nos deparamos com essa realidade em nossas salas de aula. Se há 100 anos, um educador já tinha essa visão de que o ensino de adultos não deve ser ‘top-down’, com uma figura de pé apenas ‘falando’ e transmitindo conhecimento, por que continuamos a ter muitos executores de aulas e poucos educadores?


Na visão andragógica, esse modelo tradicional de fazer silêncio e prestar atenção à “performance” dos executores de aulas, memorizar os conteúdos com o objetivo de responder perguntas nos testes de avaliação, não é o ideal para um aluno com certo grau de amadurecimento. Como dizia Anísio Teixeira, em 1956,


“Esta pedagogia poderia funcionar perfeitamente numa escola da Idade Média”.

“O educador que desperta entusiasmo e envolve seus alunos, conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter.” (Dewey, 1938).

Para finalizar o artigo, volto para a pergunta inicial: Professor, quem você quer ser? Educador ou Executor de Aulas? Caso opte por apenas transmitir o conteúdo que ‘deve’ ser ensinado, saiba que dificilmente irá envolver seus alunos nesse processo de aprendizado. Não por falta de competência ou habilidade ao ensinar, mas sim, porque o aluno adulto quer mais do que informação e conhecimento.


Ele quer saber onde e quando aplicar o conteúdo, se só há essa forma, se é realmente necessário para a realidade profissional dele e por muitas vezes, você encontrará alunos que já tentaram aprender ou aplicar esse conteúdo e portanto, possuem um pré-conceito sobre o tema.

 

Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2017). Educador ou executor de aulas: qual você é? Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/educador-ou-executor-de-aulas/


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