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Antropogogia: educar ao longo da vida

Se você se interessa pela Andragogia e as demais ciências agógicas, com toda a certeza, gostará também de saber o que é a Antropogogia. Em resumo, é a teoria da prática educativa em diferentes estágios de nossas vidas.


O sentido etimológico da palavra vem das raízes gregas: “anthropos” que denota amplamente ‘ser humano’ e “agogus“, que significa ‘conduzir/orientar’. Podemos então, definir a Antropogogia como a orientação dos seres humanos, ou se pluralizado, “a conduta da humanidade”. Felix Adam (1921-1991), foi um dos responsáveis pela teoria, e definiu a Antropogogia da seguinte forma:


“A Antropogogia é a ciência e a arte de instruir e educar os homens permanentemente, em qualquer período de seu desenvolvimento psico-biológico, em função de sua vida natural, ergológica e social”.

Perceba que não estamos falando aqui sobre Antropologia, termo muito mais conhecido e aplicado desde a época de Aristóteles. Ao tratar de Antropogogia (com ‘gogia’ no final da palavra) nos referimos diretamente à educação, e infelizmente esse termo não é tão estudado e investigado como deveria, porém, reparem que a própria UNESCO aborda o termo “aprendizagem ao longo da vida” e muitos autores defendem a educação continuada, ou seja, em todas as fases da vida do ser humano.


Quando estudamos a Pedagogia, nos dedicamos à educação da criança, a Hebegogia volta-se ao adolescente, a Andragogia ao adulto e a Gerontagogia está direcionada ao aprendiz idoso (terceira idade). Talvez, tenhamos aqui, uma vertente da ciência da educação que agrupa todas as demais vertentes, podendo ser utilizada em diferentes fases, mas com princípios semelhantes.


Kenneth Benne e a Antropogogia


Existe também um autor, chamado Kenneth D. Benne, especialista em educação, que, no século passado, definiu a Antropogogia como


“o aprendizado e a reeducação das pessoas de todas as idades, para consolidar uma base adequada para a sobrevivência humana, destacando a importância de dominar os processos de pensamento crítico e inovador, a capacidade de ouvir e se comunicar com outras pessoas que tenham visões conflitantes sobre o mundo”.

Precisamos entender que todo ser humano muda e evolui durante os anos, e consequentemente seus interesses, as motivações e a própria preferência pelo aprendizado. Benne relaciona a ‘teoria antropogógica’ com a capacidade de aprender com o novo, com as mudanças cotidianas, que normalmente acontecem quando somos confrontados com a necessidade de nos adaptar em uma nova situação pessoal, profissional e/ou social.


Para ilustrar, gosto de dar o seguinte exemplo: quando você era criança e tinha lá seus 5, 6 anos, aprendeu a andar de bicicleta. Como foi? Seu pai ou sua mãe lhe colocou em cima de uma, deixou as rodinhas e você foi pedalando aos poucos, certo? Agora você tem 18 anos e quer aprender a andar de moto. A forma de aprendizagem (e a metodologia de ensino) será outra, porém algumas características se assemelham.


Acontece então, que se eu sou o seu instrutor de moto, não posso julgar que como você aprendeu a andar de bicicleta de tal forma, o mesmo acontecerá com qualquer outro veículo e em qualquer idade. Isso serve para diversas outras situações em nossas vidas, não somente com educação, pois estamos em constante evolução e adaptação. Posso buscar entender como foi a sua experiência e de que forma evoluiu (ou não) o interesse pela forma de aprendizagem em questão.


Vamos mais além ainda? Não posso considerar também, ao estudar a sociedade como um todo, que todo adulto de 40 anos sabe andar de bicicleta. Sendo assim, preciso olhar para dentro de cada um deles e orientá-lo de acordo com as suas necessidades e expectativas. Isso não depende da idade, deveria acontecer a todo momento, seja aos 5, 15, 35 ou aos 50 anos. Talvez seja isso que os autores que defendem a antropogogia queiram nos dizer: oriente o ser humano e valorize as suas histórias de vida, independentemente da idade.

A Antropogogia pode ser relacionada como uma estratégia para educar o ser humano de acordo com a sua personalidade, expectativas e momento de vida. Vai além de estudar o comportamento da sociedade humana, como faz a Antropologia. Consideremos que as normas e os valores atuais da sociedade são importantes, mas que além disso, precisamos enxergar o indivíduo como parte desta evolução constante e que, de acordo com suas experiências particulares de vida, são necessárias metodologias e técnicas específicas de ensino e aprendizagem.


Gostou deste artigo sobre Antropogogia? Deixe o seu comentário! Em breve escrevo mais textos sobre o tema.

 

Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2018). Antropogogia: educar ao longo da vida. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/antropogogia/

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