Permita-me contar uma breve história, caro(a) leitor(a):
Recentemente, entrei em contato com uma notícia que, a propósito, chamou-me bastante a atenção. Um professor de filosofia de uma Universidade, decidiu ministrar sua aula em uma espécie de ‘Jardim’, nas próprias dependências da Instituição. Só para você ficar ciente, é claro, o motivo foi ‘mera’ preocupação: evitar o contato e possível transmissão do vírus da COVID 19. Então, o que isto tem a ver com o título deste artigo?
Imagine que você é um educador de adultos e conhece alguns dos nomes que costumavam fazer as suas provocações e dar aulas, ao ar livre. Para o filosofo grego, Aristóteles (384 a.C) por exemplo, esta era uma prática comum e que reunia até discípulos: os Peripatéticos, que receberam esse nome por simplesmente passear pela área, enquanto ouviam e compartilhavam seus saberes.
Se você prefere uma história datada de um pouco mais ‘pra cá’, um exemplo gigantesco de ensino, em especial, alfabetização de adultos, foi o patrono da educação brasileira, célebre por desenvolver, o qual o mesmo dispensava nomear, Método de alfabetização Paulo Freire, que ocorreu, em um dos momentos, à sombra de uma mangueira, título, inclusive, de uma de suas famosas obras.
Podemos dizer que, os alunos adultos destas épocas distintas (e distantes), porém semelhantes quanto aos seus métodos e ‘personagens’, criaram um gosto particular pelo aprendizado e em consequência, por seus professores. O quão confortável e livre à imaginação e a criatividade deve ser aprender ao ar livre? Ouvir e debater ideias sem a formação da sala de aula com cadeiras milimetricamente enfileiradas, e a figura do educador no centro?
Se você optar por observar o copo meio vazio, deve estar argumentando: “e o barulho, o trânsito, os animais, o calor?” Bom, de volta à história que começo no início deste texto, alguns dos alunos do professor em questão, assumem que esses aspectos estão presentes nas aulas do ‘Jardim’. Porém, concordam que o impacto e a proximidade com o educador e as temáticas abordadas, recebem uma atenção e um aprendizado especial nestes lugares, embora o motivo de estarem ali, fosse indiferente para seu professor.
Provavelmente você já deve ter entendido onde eu quero chegar. Portanto, para me despedir, deixo-lhe (mais uma) reflexão: O educador de adultos, que vê as práticas docentes remeterem aos educadores citados, Aristóteles e Paulo Freire (1921) e a possibilidade de convidar seus alunos a conhecer, refletir e construir conhecimentos em uma área livre do engessamento da sala de aula ‘tradicional’, deve embarcar e fazer a tentativa ou será que… para quem deseja aprender, qualquer lugar serve?
Para referenciar o artigo, utilizar:
Cosme, E. (2022). Para quem deseja aprender, qualquer lugar serve?. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/para-quem-deseja-aprender-qualquer-lugar-serve/