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Os 3 Saberes da Docência


Recentemente li o livro ‘Saberes Pedagógicos e Atividade Docente’, escrito pela professora e pesquisadora Selma Garrido Pimenta. Recomendo a leitura e resolvi falar sobre os 3 Saberes da Docência que a autora defende como sendo essenciais para qualquer educador: saberes do conhecimento, saberes pedagógicos (andragógicos) e saberes da experiência.


Vamos conhecer cada um deles? Não esqueça de deixar um comentário sobre as tuas percepções deste tema.


Saberes do Conhecimento


São aqueles saberes, adquiridos pelo educador, relacionados ao conteúdo que será ensinado em sala de aula, ou seja, são os conhecimentos do conteúdo disciplinar, que será repassado aos alunos. Normalmente são adquiridos na própria formação ou especialização do docente, mas também pode ser aprendido através de estudos, leitura de livros, artigos, dentre outros.


Exemplo: um docente irá ministrar a disciplina de Teorias da Administração em um curso de graduação. Logo no início da aula, o educador abordará a origem da palavra “administração” e no decorrer do tempo falará sobre as seguintes teorias: Clássica, Neoclássica, Burocrática, Estruturalista, das Relações Humanas, da Contingência, dentre várias outras. Quando o educador citar alguns nomes importantes e autores a serem estudados, falará sobre Tayler, Fayol, Ford, Chiavenato, Drucker, Porter e diversos outros.


Para que esse educador possa conduzir a turma, é preciso que tenha conhecimentos prévios sobre as teorias, autores e demais conceitos que serão abordados durante a disciplina. Aproveito para trazer um trecho do livro (pág. 21) onde a autora escreve que “de modo geral, os educadores têm a clareza de que serão professores de ‘conhecimentos específicos’ e concordam que sem esses saberes dificilmente poderão ensinar bem“. Ou seja, sem dúvidas, o educador entende que esse saber do conhecimento é fundamental para que ele possa conduzir uma aula, porém, o grande problema é que muitos consideram que esse saber é o suficiente.


Saberes da Experiência


Referem-se aqueles saberes que são adquiridos no exercício da profissão. Costuma-se dizer que são os saberes do ‘chão de giz’, ou seja, os professores adquirem no dia a dia em sala de aula, em contato direto com o ensino, com os alunos e com as atividades da profissão. É importante salientar que o educador não aprende a ensinar com a experiência de seus empregos fora da sala de aula (ex.: analistas, gerentes, diretores, empresários, etc.). O máximo que se absorve são algumas competências que ele pode trazer para a sala de aula e utilizar como suporte para o processo de ensino-aprendizagem.


É possível adquirir experiência através de um processo de reflexão sobre sua própria didática, sobre os métodos aplicados em turmas anteriores, buscar entender o que deu certo e quais as práticas que não foram bem sucedidas. Pode também absorver experiências com seus colegas de trabalho, com textos produzidos por outros educadores e aceitando que em cada nova turma, existem várias oportunidades de aprendizados e experiências.


Exemplo: O docente já ministra a disciplina de Teorias da Administração há 18 meses. Passou por várias turmas, conheceu vários alunos e percebeu que a cada oportunidade que tinha de ensinar, era questionado de forma diferente. Alguns alunos queriam saber mais sobre teorias, outros sobre as práticas, mas também tinham aqueles com facilidade em compreender o assunto e queriam exemplos novos. A cada experiência em sala de aula, o educador teve a oportunidade de aprender, seja com a situação desafiadora, com os questionamentos, ou até mesmo com aqueles que não demonstravam interesse em sala de aula, pois, precisou envolvê-los no processo de aprendizagem. É aí que entra o último saber, que em minha opinião é o mais importante e que poucos educadores possuem.


Saberes Andragógicos


Como estamos utilizando exemplos de ensino para adultos, tomei a liberdade de substituir o termo pedagógico, utilizado pela autora do livro. Esses são os saberes que diz respeito ao desenvolvimento da atividade do professor, em sua atividade didática, ou seja, são as técnicas, métodos e ferramentas que se utiliza em sala de aula para conduzir o ensino e a aprendizagem.


Exemplo: O educador precisa envolver seus alunos adultos para que participem da aula e queiram aprender sobre as Teorias da Administração. A princípio não parece ser uma tarefa tão difícil, mas quando começamos a entender os propósitos de cada aprendiz, seus interesses pessoais, os perfis e experiências prévias, identificamos que será preciso ter um método, se não mais de um, para ensinar/orientar esse grupo de alunos adultos.


Já abordamos em outros artigos aqui no Portal Andragogia Brasil, donde vimos que os alunos adultos não querem estar em uma sala de aula e ouvir, passivamente, uma apresentação tediosa de um determinado assunto, que na visão deles, não se aplica as suas realidades. Eles querem compreender a importância prática do assunto a ser estudado, experimentar a sensação de que cada conhecimento fará diferença em suas vidas e visualizar quando e como aplicariam os conceitos adquiridos em sala de aula.


Para que o educador consiga envolver seus aprendizes é, antes de tudo, preciso de um método, ou melhor, de saberes andragógicos. A autora do livro aborda na página 24 algo que venho defendendo há tempos e que inclusive já escrevi sobre aqui no portal. A questão crítica é que quando um professor de ensino superior se formou, ele também foi aluno. Nessa época, ele lembra de seus educadores lhe ensinando, e na maioria das vezes não tinham didática. Essa é a referência que o educador leva para a sua sala de aula.


Para aqueles que se especializam nos conceitos pedagógicos, ou fazem um curso de formação de professores, aprendem uma única didática que eles esperam que forneça as técnicas a serem aplicadas em toda e qualquer situação para que o ensino dê certo. Como aprendem uma única forma de ensinar, tratam seus alunos como se fossem únicos. Esquecem que cada um deles possui uma história de vida, conhecimentos prévios, experiências distintas, pré-conceitos sobre o tema abordado e que a motivação deles de estarem em sala de aula são totalmente diversas.


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Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2017). Os 3 Saberes da Docência. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/3-saberes-docencia/

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