Em meus treinamentos gosto de tratar os alunos pelo nome, pois gera mais confiança e respeito em sala. Confesso que tenho facilidade para memorizar os nomes das pessoas, mas isso é um processo que foi trabalhado nos últimos anos. Como muitos alunos e colegas perguntam como memorizar nomes dos alunos, resolvi escrever esse artigo.
De acordo com o site PsichologyToday, estudos apontam que 85% dos adultos têm dificuldade em memorizar nomes e/ou rostos de novas pessoas. Alguns lembram do nome, mas não lembram do rosto, e vice-versa. Mas se você tem dificuldades com isto, não se preocupe, existem técnicas, métodos e muitas dicas de especialistas, que podem te ajudar bastante.
Para que não fique um texto muito cansativo, apresentarei alguns pontos que podem contribuir de imediato para que você passe a memorizar melhor os nomes, porém, caso queira aprofundar-se em técnicas mnemônicas e se tornar um especialista neste campo, sugiro que pesquise sobre os seguintes autores e seus métodos: Dominic O’Brien, Ron White, Harry Lorayne, Jim Kwik e Chester Santos.
É importante sabermos que quando conhecemos uma nova pessoa, o nome dela vai direto ao que chamamos de ‘memória de curto prazo‘ (MCP). Para memorizar o nome e levar para a ‘memória de longo prazo‘ (MLP), o nosso cérebro deve associar o nome a algo que nos ajude a lembrar/associar, como o próprio rosto, um objeto, uma brincadeira, uma ação, um lugar, etc.
Faça associações com o nome
Uma das estratégias mais eficazes para auxiliar na fixação de um nome/rosto na memória é você associá-los a algo. Trago alguns exemplos: João, engraçadão (rima); Julia, está de óculos (relacionando um objeto); Eduardo, está no canto (posição na sala); Helena, a tímida (característica em destaque); Peterson, o mais jovem da turma (idade); Keila, chegou atrasada (tempo), etc.
Memorize com humor: Mario e Mariana estão sentados juntos e, pelos nomes, formariam uma ótima dupla sertaneja. É claro que isso deve ficar na sua memória, certo? Não há porque expor! Ah, gosto de utilizar o humor, pois aguça minha criatividade.
Conforme as interações com os alunos vão acontecendo, as associações ficam mais fáceis. Ex.: ‘Henrique me perguntou se teremos intervalo. Carlos disse que já tinha pesquisado sobre o tema. Henrique e Carlos trabalham juntos. Carlos é o da esquerda, Henrique é o da direita.’
Ron White, um dos autores que citei acima, recomenda que você relacione o nome com uma imagem padrão. Vou deixar aqui um vídeo em que ele apresenta o “Jogo dos Nomes”, apresentando (em inglês) algumas referências de nomes e imagens. É mais ou menos assim: Carol = Caracol, Juca = Nuca; Mário = Armário; Marcelo = Martelo.
Repita o nome sempre que possível
Durante a aula, repita por várias vezes o nome dos alunos. Agradeça pelas participações (Obrigado, Renata. Valeu, Robson. Muito bom, Jéssica). A repetição facilitará a memorização, além de fazer com que a pessoa se sinta bem ao ser chamada pelo nome.
Você pode ter assistido alguma palestra em que, ao terminar uma frase ou assunto, o palestrante chama alguém pelo nome. Isso acontece até mesmo nos discursos políticos. É uma técnica de oratória muito comum e que causa o envolvimento. Ex.: “O que veremos nesta aula, Paulo, é a base da Andragogia. Trarei para vocês diversas teorias andragógicas, que servem para a Ana, na Universidade, para o Raul, nos treinamentos empresariais…”
Na dúvida, pergunte novamente. “Você é o…?“. Não há mal algum em perguntar por 2 ou 3 vezes, até porque em sua turma podem ter 15, 20 alunos, alguns até com nomes difícil de memorizar. Neste caso, quando o nome é difícil de memorizar, como por exemplo Euliano, Mirosmar ou Katlyane, você pode fazer referências com um nome conhecido ou até mesmo soletrar.
Para os nomes mais ‘difíceis’, recomendo que você repita com mais frequência, até que fixe bem. Vale salientar que o adulto, seja ele quem for, não é muito aberto a brincadeiras com seu nome, portanto, cuidado. Muitos professores acabam distanciando seus alunos com brincadeiras ‘infantis’.
Faça conexões familiares
Uma dica interessante, caso você tenha dificuldades neste ponto, é comentar ou apenas ‘pensar alto’ que você conhece alguém que possui o mesmo nome do aluno. “Ernesto, você lembra um amigo que também se chama Ernesto. Estudei com ele no ensino médio”. Tal informação te ajudará na associação e sempre que que olhar para o aluno, lembrará do amigo com quem teve outras experiências e histórias.
Isso ajuda bastante, principalmente se o nome for o mesmo de familiares muito próximos, como irmãos, pais, primos, namorado(a), etc. Perceba que estamos falando de nomes, mas você pode utilizar o rosto ou alguma outra característica para ajudar na associação. O aluno se chama Gabriel, assim como seu irmão e ambos usam óculos.
As conexões familiares não precisam ser apenas com nomes e rostos. Você pode descobrir que um aluno gosta de um mesmo time, pratica um mesmo esporte ou até mesmo, já leu o livro que você está lendo. Esse tipo de conexão, te mantém mais próximo das pessoas e facilita a memorização. Ex.: o Diego também é Flamenguista, a Karla pratica natação antes do trabalho e o Henrique está lendo Senhor dos Anéis.
Foque sua atenção no aluno
Outro ponto importante, é que você se concentre no aluno. Mantenha a sua mente concentrada e não ‘escute apenas por escutar’. Quando estamos distraídos, deixamos de captar informações importantes que podem nos ajudar a memorizar. Isso acontece muito naquelas apresentações ‘tradicionais’ em sala de aula. Pedimos para que todos os alunos se apresentem e no final, não lembramos nem metade dos nomes ou das informações compartilhadas.
Jim Kwik dá uma dica muito interessante sobre esse ponto, que é sobre as perguntas que você se faz enquanto alguém está falando contigo. Sabe quando alguém está se apresentando ou interagindo contigo e você começa a formular questões como: “Como irei interagir com ela? Já encontrei ela em outro momento? Sobre o que vou falar? Será que ela se interessa pelo que tenho a dizer?”. Esqueça isso! Mantenha sua mente focada naquilo que te dizem.
Aproveite este momento de silêncio (da sua parte) para observar detalhes, como uma característica particular da pessoa. Pode ser desde olhos grandes, um sinal no rosto, um óculos chamativo, um penteado incomum. De acordo com Gary Small, autor do livro ‘The Memory Bible’, a primeira característica notável é aquela que te ajudará a lembrar de um rosto mais tarde.
Como você deve ter visto em outros artigos sobre Andragogia, valorizar os alunos, respeitar suas individualidades e conhecer suas experiências e histórias de vida, é algo muito eficaz. Sendo assim, foque nos alunos adultos e, além do nome, descubra suas motivações, o que estão buscando em sala de aula. Isso ajudará você a criar uma conexão com cada um deles.
Se você gostou de saber como memorizar nomes dos alunos e quer ler mais sobre o assunto, deixe um comentário! Isso me motiva a pesquisar e escrever mais sobre o assunto. Caso tenha suas próprias maneiras de memorização, compartilhe conosco. Até um próximo texto!
Para referenciar o artigo, utilizar:
Beck, C. (2019). Como memorizar nomes dos alunos? Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/como-memorizar-nomes-dos-alunos/