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Cibergogia: aprendizagem digital

A cibergogia é uma das vertentes da ciência da educação (ver: ciências agógicas) e, assim como a andragogia, é uma abordagem de ensino centrada no aluno. No entanto, a cibergogia se concentra no uso da tecnologia para facilitar a aprendizagem.


Por curiosidade, você já ouviu falar deste termo? Pesquisas apontam que o termo cibergogia foi utilizado pelo Dr. Wolf J. Rinke, na década de 80, mas passa a se tornar mais popular no início do século XXI. Atualmente temos artigos, livros e muitas pesquisas que envolvem os princípios educacionais cibergógicos.


A cibergogia se concentra em ajudar os estudantes, sejam eles crianças, jovens, adultos ou idoados, a aprender, facilitando e capacitando tecnologicamente a aprendizagem autônoma e colaborativa centrada no aluno em um ambiente virtual (cenário que já se tornou uma mega tendência). Afinal, como deve ser o ensino e aprendizagem à distância? Nós, educadores, sabemos lidar com esse 'novo cenário'?


Muitas questões passam a surgir nestes últimos 3 anos (principalmente com a pandemia), pois diversos educadores perceberam que o ensino presencial não pode ser o mesmo que no ambiente digital/virtual. Existem características próprias em cada um destes cenários. Portanto, no cerne da cibergogia está a consciência de que as estratégias utilizadas para a aprendizagem presencial podem não ser as mesmas utilizadas no ambiente virtual.


Como devem ser as atividades? Qual é o melhor formato de comunicação? Como engajar os aprendizes? E a avaliação de resultados, como se aplica? Ainda, como fornecer feedback e tomar medidas para manter o alinhamento com as metas educacionais e sociais estabelecidas? É um desafio e tanto, mas o debate é essencial para se encontrar respostas.


Além de Rinke, outros autores têm contribuído nesta temática. Destaco Pierre Lévy, filósofo e sociólogo, George Siemens, professor canadense, Stephen Downes, autor e pesquisador das tecnologias digitais, Minjuan Wang, educadora chinesa, e Alec Couros, professor de tecnologia.


Esses autores têm contribuído significativamente para o desenvolvimento da cibergogia, fornecendo insights sobre como as tecnologias digitais podem ser usadas para melhorar a educação e o aprendizado em diferentes contextos.



Caso esse seja o seu primeiro contato com o tema, saiba que a cibergogia é baseada em três conceitos principais: conectivismo, aprendizagem colaborativa e aprendizagem autodirigida. Abaixo trago um resumo sobre cada um desses pilares da cibergogia.

 

O conectivismo é uma teoria de aprendizagem que reconhece a importância da conexão entre pessoas, ideias e tecnologias. O conectivismo sugere que a aprendizagem ocorre por meio de redes de conexões em que o conhecimento é compartilhado e criado em conjunto. Isso é semelhante à andragogia, que enfatiza a importância da interação e da troca de experiências entre os alunos, um dos pressupostos andragógicos defendidos por Malcolm Knowles.


Uma das principais implicações do conectivismo para a educação é a necessidade de mudar a forma como o conhecimento é transmitido e adquirido. Em vez de serem meros receptores de conhecimento, os alunos precisam ser incentivados a se tornarem criadores e colaboradores de conhecimento. O conectivismo sugere que os alunos devem ser encorajados a buscar informações e a criar conexões entre elas, em vez de simplesmente memorizar fatos e conceitos.



Sugestão de leitura sobre conectivismo:


  • Downes, S. (2012). Connectivism and connective knowledge: Essays on meaning and learning networks. National Research Council Canada.

  • Kop, R., & Hill, A. (2008). Connectivism: Learning theory of the future or vestige of the past? The International Review of Research in Open and Distributed Learning, 9(3).

  • Siemens, G. (2005). Connectivism: A learning theory for the digital age. International Journal of Instructional Technology and Distance Learning, 2(1), 3-10.

 

A aprendizagem colaborativa é outro conceito importante na cibergogia. A aprendizagem colaborativa é uma abordagem de ensino em que os alunos trabalham em grupo para alcançar um objetivo comum. Essa abordagem é semelhante à andragogia, que enfatiza a importância da colaboração e da troca de conhecimentos entre os alunos.


A aprendizagem colaborativa tem sido associada a vários autores, incluindo Lev Vygotsky, que enfatizou a importância da interação social no desenvolvimento cognitivo, e John Dewey, que argumentou que a aprendizagem é um processo social e que os alunos aprendem melhor quando trabalham juntos em projetos significativos. Outros autores importantes incluem Elliot Aronson, psicólogo que desenvolveu a teoria do aprendizado cooperativo, e David e Roger Johnson, irmãos que desenvolveram a teoria do aprendizado colaborativo estruturado.


A aprendizagem colaborativa pode assumir muitas formas diferentes, incluindo discussões em grupo, projetos em equipe, jogos de simulação/teatralização e outras atividades que incentivam a interação social e a colaboração. A aprendizagem colaborativa pode ser particularmente eficaz na educação de adultos, pois os alunos geralmente têm experiências de vida e conhecimentos únicos que podem ser compartilhados com os outros.


Sugestão de leitura sobre aprendizagem colaborativa:


  • Boud, D., Cohen, R., & Sampson, J. (Eds.). (2001). Peer learning in higher education: Learning from and with each other. Routledge.

  • Bruffee, K. A. (1999). Collaborative learning: Higher education, interdependence, and the authority of knowledge. JHU Press.

  • Johnson, D. W., & Johnson, R. T. (1999). Learning together and alone: Cooperative, competitive, and individualistic learning. Allyn & Bacon.

 

Por fim, a cibergogia enfatiza a importância da aprendizagem autodirigida, conceito também defendido por Knowles, Allen Tough e tantos outros. A aprendizagem autodirigida é uma abordagem de ensino em que o aluno é responsável por seu próprio processo de aprendizagem, definindo seus objetivos, identificando recursos e estratégias de aprendizagem e avaliando seu próprio progresso. Essa abordagem é semelhante à andragogia, que enfatiza a importância da autonomia do aluno na aprendizagem.


A aprendizagem autodirigida permite que os alunos personalizem sua educação para atender a essas necessidades e se tornem mais engajados e motivados em seu próprio processo de aprendizagem. Além disso, a aprendizagem autodirigida pode ajudar os alunos a desenvolver habilidades importantes, como pensamento crítico, resolução de problemas e tomada de decisões, que são valiosas em muitos aspectos da vida.


Vale destacar que, à medida que as tecnologias e as necessidades do mercado de trabalho mudam, os adultos precisam ser capazes de aprender novas habilidades e se adaptar a novas situações. A aprendizagem autodirigida pode ajudá-los a fazer isso de forma eficaz, principalmente nos aprendizados em ambiente digital/virtual.


Sugestão de leitura sobre aprendizagem autodirigida:


  • Knowles, M., Holton III, E., & Swanson, R. (2014). The adult learner: The definitive classic in adult education and human resource development. London: Routledge.

  • Merriam, S. B. (2001). Andragogy and self-directed learning: Pillars of adult learning theory. New Directions for Adult and Continuing Education, 2001(89), 3-14.

  • Tough, A. (1979). The adult's learning projects: A fresh approach to theory and practice in adult learning. Toronto: University of Toronto Press.

 

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Para referenciar o artigo, utilizar:


Beck, C. (2023). Cibergogia: aprendizagem digital. Andragogia Brasil. Disponível em: https://www.andragogiabrasil.com.br/cibergogia-aprendizagem-digital

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