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Os jovens não querem ser professores


“O que você pretende ser quando tiver 30 anos?” 

Essa pergunta foi feita pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aos jovens de 15 anos avaliados, em 2015, no Pisa (Programme for International Student Assessment), exame aplicado a cada triênio que busca medir a qualidade da educação nos países. O resultado que apresentaremos a seguir, infelizmente, nos diz que os jovens não querem ser professores.


Uma parcela expressiva dos jovens brasileiros demonstrou interesse em trabalhar na área científica: 38,8% do total contra 24,5% na média das nações desenvolvidas. Em 2006, o percentual de adolescentes que queria seguir carreira em ciências era de 33,5%.

Quando olhamos as profissões individualmente, ser médico, engenheiro e advogado é o que a maioria dos participantes afirmou querer seguir, como demonstra a tabela abaixo:


O que chama a atenção é que nenhum dos participantes disse que pretende ser professor, ou seja, não encaram a área da educação como um projeto profissional para os próximos anos. Simplesmente ‘recebemos’ zero, nenhum voto, nada, passamos em branco.

Dentre as opções (Engenheiro, Arquiteto/Designer, Médico, Profissional de saúde, Professor, Desenvolvedor de Softwares, Profissional do Direito, Profissional Social ou Religioso, Escritor/Jornalista, Artista ou Profissional de Esportes) a única categoria que não recebeu voto foi a do educador.


Triste? Sim. Fico imaginando como podemos melhorar a qualidade da educação brasileira se absolutamente ninguém quer ensinar? Vamos formar professores contra a própria vontade? Tentar convencer os indecisos? Não, isso não daria certo. Em qualquer profissão, é preciso vestir a camisa, ter paixão pelo que faz… ao menos, deveria ser assim.


Bem, a pesquisa mostra que os alunos querem seguir a área científica, certo? Então vamos buscar encontrar o ‘motivo’ pelo qual eles não querem se tornar professores. Começo com o seguinte dado: O percentual de docentes de ciências com graduação na área era de apenas 33% no Brasil contra 73,8% na média dos países ricos, em 2015.


Isso ajuda a explicar porque 17% dos brasileiros de 15 anos dizem que seus professores nunca explicam ideias científicas nas aulas dessa disciplina. Vale ressaltar que nos últimos testes (PISA), o Brasil amargurava as últimas posições, não somente em ciência, como também em matemática e leitura.


Se a explicação para nosso fracasso educacional não está no interesse de nossos alunos por temas relevantes para o mundo atual como ciências, onde se encontrará? Muitos dizem que a culpa é da carreira que não é atrativa economicamente, outros culpam o ambiente de trabalho, a estrutura inadequada ou até mesmo o ‘pré-conceito’ da sociedade sobre a profissão de professor.


Já vi pessoas culpando o Governo, reclamando da falta de incentivo, de não ter um plano de carreira e da falta de um regime diferenciado de aposentadoria. Concordo com tudo isso! Até concordo que há uma inversão de valores dentro da sala de aula e que nossos alunos são indisciplinados (o Brasil lidera o Ranking de agressões ao professor).


Mas, aos educadores que me seguem, gostaria de perguntar: 


Somos inspiradores? Os alunos vão para a aula animados, felizes em te encontrar? Você é a referência naquilo que ensina em sala de aula? Você faz a diferença? Se comunica de forma horizontal?

Se você é apenas um executor de aulas, não relaciona a teoria com uma prática aplicável, não envolve seus alunos, é triste, o único a falar em sala de aula, o ensino é ‘top-down‘, reclama de tudo e não agrega em nada para a vida pessoal/profissional/social de seus aprendizes, concorda que ele não vai querer ser como você? “Ser igual a ele? Jamais! Que cara ‘chato’, reclamão, aposto que não faz o que gosta!”


A estatística está aí: zero. Cabe a nós educadores, mostrarmos para nossos aprendizes a importância do educador na sociedade. Não há mal algum em termos muitos médicos, engenheiros ou arquitetos, mas que para cada uma dessas profissões, terá por trás da educação/formação/orientação um esforçado e feliz professor.


“Um professor pode encontrar a eternidade, pois nunca poderemos determinar onde irá parar a sua influência sobre os alunos que um dia serão homens, gênios, inventores, sementes que germinaram pelas mãos de seus mestres.” (Henry B. Adams)

Que tal fazermos nosso papel para mudar essa ideia de que os jovens não querem ser professores? Te convidamos a conhecer nosso curso de Formação de Formadores, que trabalha os princípios andragógicos e o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais para que o professor, instrutor, gestor e qualquer educador se torne mais inspirador e saiba conduzir uma formação com propriedade.

 

Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2016). Os jovens não querem ser professor. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/os-jovens-nao-querem-ser-professores/


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